Em 10 de março eu publiquei uma tradução de um artigo que versava sobre a possibilidade de Israel tomar uma ação unilateral em relação ao problema nuclear iraniano. Dentro do artigo é mencionado um relatório americano sobre a situação no Oriente Médio. Esse relatório é fundamental para entender as pretensões americanas, assim como a situação efetiva do que se passa por lá. Eis abaixo a tradução do relatório.
Aqui pode ser encontrado o arquivo original do Relatório "Preventing a Cascade of Instability"
Aqui pode ser encontrada a tradução que fiz do artigo sobre Israel
OBS. Só traduzi o corpo principal do texto. Todo o restante do relatório permanece como referência no arquivo original.
Vamos à tradução.
Aqui pode ser encontrado o arquivo original do Relatório "Preventing a Cascade of Instability"
Aqui pode ser encontrada a tradução que fiz do artigo sobre Israel
OBS. Só traduzi o corpo principal do texto. Todo o restante do relatório permanece como referência no arquivo original.
Vamos à tradução.
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Prevenindo uma cascata de instabilidade:
Engajamento dos EUA para checar o progresso nuclear Iraniano
Engajamento dos EUA para checar o progresso nuclear Iraniano
Com o Irã na iminência de possuir, ou possuindo atualmente, armas nucelares isso pode criar uma multiplicidade de problemas no Oriente Médio. Não só os EUA deveriam deter e conter o entusiasmado Irã, como também prevenir uma cascata de reações desestabilizadoras de outros estados, estejam eles a apoiar o Irã, atacar-lo, ou igualá-lo em capacidades. Prevenir a aquisição ou o desenvolvimento de uma capacidade nuclear do Irã é, então, uma prioridade nacional vital. Com esse fim, os EUA devem fortalecer suas políticas para prevenir, mitigar, ou agir contra a instabilidade progressiva resultante do progresso nuclear iraniano. Deve também fortalecer as políticas para aumentar a influência dos EUA para atingir uma resolução negociada do impasse nuclear, como que o Irã não atinja a capacidade nuclear militar. Confrontar o programa nuclear iraniano também oferece uma oportunidade para avançar os interesses dos EUA: em demonstrar o comprometimento dos EUA com a diplomacia multilateral, em aprofundar as relações com os amigos do Oriente Médio, e fortalecer o regime global de não proliferação.
A Estabilidade do Oriente Médio e o Progresso Nuclear do Irã: O Problema
Mesmo sem testar uma arma nuclear ou declarar a habilidade de para fazê-lo, o progresso iraniano em direção à capacidade de armas nucleares já está causando impactos substanciais no Oriente Médio. O aumento da autoconfiança entre algumas das forças radicais religiosas vem em um tempo em que os EUA têm lutado para conseguir seus objetivos no Afeganistão, no teatro Árabe-Israelense, e, até recentemente, no Iraque. Alguns questionam no Oriente Médio – ambos amigos e inimigos – se a estrela americana está minguando enquanto a do Irã está crescendo. (Se estas percepções emergem de uma boa leitura das políticas regionais e internacionais é uma questão diferente.) As percepções regionais do valor dos Estados Unidos como um aliado principal estão sendo testadas. O progresso nuclear iraniano a despeito da oposição internacional está levando parceiros regionais importantes a se incomodarem sobre a efetividade da liderança americana e a convicção dos EUA, assim como a capacidade, para lidar efetivamente com o desafio iraniano. Eles estão preocupados tanto sobre se Washington está aberto para um acordo com Teerã trazendo desvantagens para seus interesses, como se os EUA e o Irã sejam tragados para um confronto perigoso.
Nesse ambiente, a administração de Obama planeja conduzir uma diplomacia direta, mas “dura” para lidar com o comportamento problemático do Irã, especialmente seu programa nuclear. O tempo é curto se o engajamento diplomático pode ter alguma chance de sucesso. O Irã continua a acelerar sua produção de urânio empobrecido, instalando mais e mais centrífugas que dão a capacidade de produzir urânio enriquecido em pouco tempo. Com o acesso reduzido aos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) desde que o Irã cessou de obedecer ao Protocolo Adicional da AIEA, o já limitado potencial da comunidade internacional para detectar as instalações clandestinas iranianas está decaindo.
Se a comunidade internacional parece incapaz de deter o progresso nuclear do Irã, Israel pode decidir agir unilateralmente. Se os americanos podem pensar, os líderes israelenses parecem estar convencidos de que pelo menos por enquanto, eles possuem uma opção militar. Entretanto, os israelenses vêem a opção desaparecendo no próximo ano, ou em dois anos, não só por causa do progresso nuclear do Irã e a estratificação de seu programa, mas também por causa do aumento das suas defesas aéreas, especialmente da entrega esperada do sistema de mísseis ar-terra S-300 pela Rússia, esses fatos são vistos por Israel como uma limitação séria a suas opções militares. Israel, então, pode se sentir compelido a agir antes que a opção desapareça. Se sucedido, um ataque poderia ser publicamente condenável, mas bem vindo para alguns em particular. O sucesso, entretanto, é de alcance incerto. Mesmo um ataque com sucesso pode atrasar o Irã somente temporariamente. E muitos podem ver isso como um fracasso e um retorno a base do acordo do sistema de não-proliferação. Os EUA mesmo, podem pagar caro por um ataque de Israel; muitos podem achar que Washington deu a Israel um sinal verde.
Nas mãos do regime de Teerã, uma verdadeira arma nuclear ou a capacidade de produzir uma, pode rápida e profundamente desestabilizar a região. Dado o comportamento passado dos radicais iranianos, o Irã a beira do nível nuclear pode exacerbar o medo de sabotagem e subversão entre os países árabes do Golfo, particularmente entre a divisão sunita-xiita, e possivelmente uma quebra na distribuição de petróleo aos mercados globais. As ameaças e ações iranianas podem elevar os preços e intimidar os vizinhos do Golfo a se curvar a sua vontade nos assuntos que tangem desde a disputa de fronteiras à presença de bases militares de terceiros ao redor do Golfo.
Além do Golfo, grupos radicais na Síria, Líbano e em Gaza, todos aliados do Irã, podem ser fortalecidos pelo progresso nuclear iraniano. Um Irã nuclear pode se colocar mais ativamente como a voz do Islã ao, por exemplo, questionar o status quo em assuntos voláteis como a custódia de santuários chaves mulçumanos ou Jerusalém, ou se apresentar como o campeão dos mulçumanos radicais que se levantam contra os regimes pró-Ocidente. No pior caso, o Irã pode compartilhar sua tecnologia e material nuclear com seus amigos radicais.
Se o Irã “se safar” com baixo custo de anos de violações de segurança e desafio às resoluções do Conselho de Segurança da ONU, as normas de não-proliferação provavelmente irão aprofundar a deterioração ao redor do globo. Outros países podem considerar seguir o mesmo caminho, especialmente se os programas iranianos ganharem legitimidade. Se o Acordo Nuclear de Não-Proliferação (NPT: sigla em inglês) for visto como desgastado, pode ser difícil fazer progressos em matéria de meios complementares para sustentar o regime de não-proliferação. Quanto maior o número de países com armas nucleares, maior o risco de impressão equivocada e julgamento falho, que podem levar a uma confrontação nuclear, com horríveis conseqüências. No Oriente Médio, aqueles que se enxergam como poderes regionais podem querer capacidades nucleares que igualem aquelas do Irã – incluindo instalações de enriquecimento e reprocessamento – por ambas razões; estratégica e de prestígio nas relações. Para ter certeza, os estados do Oriente Médio necessitam de muitos anos para construir uma infra-estrutura nuclear nativa, mas a busca de uma capacidade nuclear vasta e abrangente pode ser desestabilizante ao criar a impressão que a nuclearização militar da região é inevitável.
Agindo em fronts simultâneos para assegurar a estabilidade regional e a não-proliferação global
Para assegurar a estabilidade regional, os EUA, seus aliados do Ocidente, e seus amigos do Oriente Médio precisam agir simultaneamente em muitos fronts. Não somente essas ações irão reduzir o progresso nuclear, mas também podem oferecer o melhor prospecto a fim de convencer o Irã de que seu programa nuclear está trazendo muito pouco avanço estratégico a um alto custo. Ações vigorosas para reforçar os amigos dos EUA e para checar ameaças do Irã dão a comunidade internacional uma alavancagem, e tal alavancagem cria o melhor ambiente para o sucesso do engajamento com o Irã. A administração de Obama deve considerar passos específicos que devem incluir o seguinte:
Cálculos do fator regional dentro da definição da estratégia do Irã
Efeitos não pretendidos de políticas direcionadas para resolver o impasse com o Irã podem complicar as relações com outros estados do Oriente Médio. Muito do que os preocupam é sobre o agravamento da tensão USA-Irã. Israel e os estados do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC: sigla em inglês) também se preocupam com o fato de que os EUA podem alcançar um acordo com o Irã que não leve em conta seus próprios interesses. Eles estão preocupados que se Washington e Teerã alcancem um acordo no campo nuclear, os EUA podem ignorar outros desafios que concernem ao Irã, como o seu suporte a grupos radicais. Os estados do CCG se tem a preocupação de que um acordo entre os EUA e o Irã podem anunciar um retorno aos laços mais apertados entre os dois. Eles já estão inclinados a aceitar a visão, exacerbada pelo preconceito anti-xiita, que a América deu o Iraque ao Irã; alguns se preocupam que os EUA poderiam sacrificá-los igualmente em prol de uma esfera de influência iraniana.
É importante manter em mente que quaisquer ganhos que podem ser permitidos ao Irã para preservar um eventual acordo, muitos estados da região irão querer também, a fim de se igualarem a ele, em ambas as razões; relações de prestígio e segurança. Usinas energéticas nucleares para civis é um ponto no caso. Enquanto os EUA se opuseram firmemente a instalação de Bushehr, nenhum país amigo árabe buscou ativamente uma usina energética nuclear. Mas assim que Washington aceitou que o Irã podia ter uma usina energética nuclear, os EUA perderam a posição de pressionar seus amigos a não perseguirem tais capacidades, as quais concordou que o Irã tivesse. A Turquia e muitos estados árabes estão considerando ativamente a usar energia nuclear. Baseado nessa experiência, se um acordo for alcançado legitimando, mesmo de maneira limitada, o enriquecimento em solo Iraniano, outros países podem também se interessar em ter as mesmas capacidades, e será muito difícil dissuadi-los diplomaticamente dessa buscar.
Os interesses dos EUA na região são tão importantes, não para ter fortes relações bi-laterais. O diálogo de alto-nível e estratégico precisa ser reforçado com muitos estados regionais chaves – Turquia, Egito, e Arábia Saudita. Um problema particular com os estados do CCG é que as vezes, os EUA agiram em assuntos importantes e, então, esperou que os estados do CCG se alinhassem. Tomando como base o Diálogo Estratégico do Golfo, os Estados Unidos devem explorar as oportunidades para ajudar os estados do CCG no que eles vêem como suas vulnerabilidades estratégicas. Uma iniciativa excelente nessa direção engloba os novos acordos que dizem respeito a programas de proteção das infra-estruturas essenciais com a Arábia Saudita, incluindo o estabelecimento de um novo escritório de assistência militar dos EUA e um Departamento de Estado – programa em andamento para tornar disponível aos sauditas os serviços de muitas agências americanas, como os departamentos de Energia e Segurança Interna.
Ao mesmo tempo, a consulta estratégica necessita de ser uma estrada de duas mãos. É inteiramente apropriado, e também necessário, pedir aos estados amigos – alguns que aspiram ao poder regional – a consultar Washington antes de tomar qualquer passo importante na reposta ao avanço nuclear iraniano. Washington deve focar, em particular, em impedir maiores proliferações de armas de destruição em massa (weapons of mass destruction, sigla WMD), como a cooperação para armas nucleares entre Arábia Saudita e o Paquistão. Os EUA devem estar prontos para oferecer garantias robustas de segurança e cooperação, como discutidas abaixo, para resolver as preocupações sobre segurança que podem levar o Egito, Arábia Saudita, ou outro estado regional qualquer a considerar tal proliferação.
Os EUA, e outros países internacionais que dão suprimento nuclear, precisam trabalhar juntos em conjunção com os estados do Oriente Médio para direcionar os interesses em energia nuclear da região de maneira a não causar uma desestabilização. Isto poderia incluir acordos bilaterais ou multilaterais de vínculos e compromissos de renunciar ao enriquecimento e reprocessamento, a aderir ao Protocolo Adicional da AIEA, e para fornecer o modelo de transparência em seus programas.
Alguns no Oriente Médio se preocupam com a qualidade de liderança dos EUA no problema nuclear iraniano. Atores regionais podem não ter idéias melhores sobre como confrontar o problema, mas eles esperam que os EUA usem suas muitas faculdades – seus insights, seu poder de influência global, sua experiência diplomática, e, se necessitar, de sua força – para resolver o problema. Os estados menores do CCG, em particular, sentem que devem olhar para os EUA, para propor a solução a um problema que os afeta de maneira profunda, mas problema esse que não estão em posição de resolver por eles mesmos. A região está receptiva para seguir os passos que os EUA julgam serem necessários. Mas muitos estão nervosos sobre a quantidade de esforço que Washington fará para esse suporte, e quão cuidadosamente ele vai seguir através de suas iniciativas.
Cativar o Irã de maneira a avançar nos interesses dos EUA
Enquanto um objetivo do engajamento é alcançar a resolução através da negociação do problema nuclear do Irã, outro objetivo importante é mostrar ao Oriente Médio, e ao mundo, que os EUA farão um esforço redobrado para resolver o problema nuclear iraniano. Alguns círculos em países amigáveis aos EUA imaginam agora – sem razão – se Washington é tanto um obstáculo para resolver esse impasse nuclear quanto Teerã. Eles podem ver erroneamente Washington como muito arrogante, teimoso, ou ideológico para negociar com o Irã. Essa percepção cria dificuldades para a América que vão muito além do problema nuclear. Em adição, restaurando a confiança na disposição dos EUA em fazer esforços extraordinários para resolver o embate internacional com o Irã é importante no evento que Washington, depois de considerações cuidadosas das vantagens e desvantagens de qualquer curso de ação, opte por outros instrumentos políticos para prevenir o desenvolvimento iraniano de armas nucleares.
Outro objetivo importante em engajar o Irã é ser o autor da iniciativa de um processo de lidere a barganha sobre o problema nuclear. Ganhar forte apoio internacional para iniciativas diplomáticas focadas no programa nuclear iraniano é, talvez, o único, e melhor, caminho para aumentar a probabilidade de que o Irã irá aceitar um compromisso. O Irã não quer estar isolado no estágio internacional: ele não é a Coréia do Norte. Quando mais amplo o consenso internacional, melhor. As repetidas demonstrações de unanimidade pelo Conselho de Segurança da ONU parecem ter impressionado mais o Irã do que as limitações econômicas ou o impacto na segurança das sanções até agora impostas. Se encaradas sem o amplo e profundo consenso internacional sobre o que constitui uma oferta razoável, Irã pode, no mínimo, ter um debate internacional vigoroso sobre se deve adiar suas ambições nucleares.
As chances de tal debate no Irã, assim como para apreciação ampla internacional do esforço engajado dos EUA, são muito aumentadas pelo engajamento que inclui incentivos realistas assim como penalidades concretas. Enquanto os EUA possuem preocupações que vão muito além do problema nuclear, Washington deve vir à mesa com uma lista de itens específicos sobres os quais são preparados para ter algum efeito sobre o Irã. Isso inclui problemas compartilhados, como a pirataria e o roubo no Golfo Pérsico, que também envolve os amigos regionais da América. Em adição a identificar passos positivos de incremento, os EUA devem esboçar uma imagem de que o Irã pode ganhar se os problemas pendentes forem resolvidos, incluindo a participação no diálogo de segurança regional, como discutido a seguir.
Teerã é particularmente sensível sobre o desdenho perceptível ao orgulho nacional e a percepção do respeito dos EUA ao Irã. Caminhos podem ser encontrados a fim de demonstrar o respeito americano sem sugerir que os EUA vira suas costas aos reformadores iranianos, democratas, e vigilantes dos direitos humanos, ou que os EUA vê o Irã como uma superpotência regional – uma sugestão que deve chatear os amigos americanos do Golfo e aumentar desnecessariamente o status regional do Irã.
Um front comum apresentado por membros influentes da comunidade internacional, incluindo Rússia e China, é particularmente importante para afetar a disposição iraniana ao comprometimento, mas parece ser bem difícil de ser alcançado. Qualquer engajamento americano com o Irã precisa ser coordenado cuidadosamente com os outros cinco países ativos interessados no problema nuclear iraniano (a Inglaterra, França, Rússia, China e a Alemanha). Qualquer oferta sobre o problema nuclear deve vir desse grupo, não somente dos EUA. É também útil mostrar que os países árabes, Turquia, e Israel são ao mesmo tempo poderes centrais. Isso irá requerer uma série de diálogos múltiplos e estrategicamente cobertos com aliados e amigos.
Ofertas unilaterais ao Irã são problemáticas porque elas podem levar Teerã a acreditar que a comunidade internacional está dividida de modo que funcione em vantagem do Irã. Além disso, a melhoria gradual das ofertas ao Irã carregam um grande risco de alimentar as impressões de Teerã de que quanto mais longa for a espera, melhor a oferta será, criando um incentivo poderoso para a inação, esperando melhoras posteriores nos termos das propostas. Por essa razão, as ofertas ao Irã devem ser coordenadas em passos a fim de aumentar a pressão sobre o programa nuclear iraniano, como discutido a seguir.
O Irã pode por algum tempo recusar a parar o enriquecimento. Nesse caso, faça o que fizer, os EUA devem promover dentro da comunidade internacional uma política de “resistir e dissuadir” ao invés de “aquiescer e dissuadir” a fim de prevenir o desenvolvimento de armas nucleares no Irã. Isto é, se o engajamento falhar em produzir um acordo, uma estratégia de estreitar as sanções econômicas e a pressão política internacional em conjunção com todas os outros instrumentos políticos prevê a base para a contenção em longo prazo das ambições nucleares iranianas.
Oferecer ao Irã uma opção de recuo que legitime o enriquecimento dentro do país não deve reduzir o risco de proliferação. A possibilidade latente do Irã de rapidamente fazer armas nucleares pode levar ao mesmo risco de instabilidade em cascata que o Irã com uma arma de verdade. Ao recusar um acordo que deixa o Irã com tais capacidades latentes, a comunidade internacional deve assegurar que o programa nuclear iraniano deve continuar a ter um status de fora da lei. Demonstrando quão seriamente a comunidade internacional está preocupada sobre as ações iranianas, deve desencorajar imitadores. A pressão contínua pode também limitar a habilidade do Irã para usar o status nuclear como uma fachada para encobrir outras atividades desestabilizadoras.
Usar o atraso como um instrumento de dissuasão
Muitos no Oriente Médio estão preocupados que se os EUA não confrontarem um Irã não-nuclear, eles não podem ser confiáveis para confrontar um Irã nuclear. Falam, entre a elite política, de Washington de potencial confiável sobre a dissuasão como uma estratégia para lidar com um Irã nuclear, especialmente sem ações enérgicas para confirmar isso, e corre o risco de ser visto como uma cortina de fumaça para esconder uma concessão maciça a Teerã.
Oficiais americanos devem tomar a frente em colocar qualquer discussão de dissuasão do Irã dentro do quadro de como dissuadi-lo de perseguir seu programa nuclear, assim como de persuadir os estados do Oriente Médio da não-proliferação. Falar de dissuasão deve ser usado para fazer o programa nuclear iraniano menos atrativo para seus líderes. Através de discussão de contramedidas políticas e militares, os EUA e o Oriente Médio devem semear dúvidas nas mentes iranianas – sobre se o programa nuclear do Irã será algum dia militarmente efetivo ou politicamente útil.
A melhora dos modernos mísseis de defesa que já estão em desenvolvimento em Israel e comprados por muitos estados do CCG podem introduzir incerteza nas mentes dos líderes iranianos sobre a utilidade militar dos programas nucleares e mísseis do Irã. Tais sistemas devem também reassegurar aos amigos de Washington da força do comprometimento da segurança americana, reduzindo a tentação dos estados do Golfo a proliferar e em Israel a atacar a infra-estrutura nuclear iraniana prematuramente. Construindo esse sucesso, Washington precisa continuar seus esforços de persuadir seus amigos árabes a ligar suas defesas aéreas e de mísseis-balísticos. Tais ligações devem melhorar a efetividade do sistema de cada país.
A Rússia argumenta que seu potencial de transferência do sistema de defesa aérea S-300 ao Irã é estabilizador, pois deverá complicar grandemente qualquer plano de Israel para atacar o Irã. Entretanto, essa abordagem aumenta o grave risco de Israel poder sentir-se compelido a agir antes que o custo da ação seja muito alto. Se a transferência prosseguir, Washington deve restaurar o balanço da equação estratégica através da transferência de armais mais sofisticadas. Isto é, se o Irã posicionar avançadas defesas aéreas, os EUA devem prontamente prover Israel com a capacidade de continuar a ameaçar os alvos mais valiosos iranianos – por exemplo, com aeronaves mais modernas. Tal oferta de transferência de armas pode ser usada para ganhar vantagem em pressionar a Rússia a não transferir o S-300, entretanto isso deve ser encaixado dentro de um novo esforço para colocar as relações entre EUA e Rússia em um estado de cooperação maior. Quaisquer dessas ofertas devem ser estruturadas para deixar claro que o objetivo americano é atrasar um ataque de Israel sobre as fábricas nucleares iranianas enquanto que a comunidade internacional continua seus esforços para convencer o Irã a abandonar seu programa.
Um componente da política de “resistir e dissuadir” deve ser a clarificação das vantagens do Irã em se comprometer com a comunidade internacional. Os EUA devem dar suporte a iniciativas internacionais para oferecer ao Irã um futuro melhor se abandonar suas ambições de armas nucleares. Essas devem incluir discussões sobre a segurança regional, talvez eventualmente levando a alguma forma de garantias mútuas de segurança que sejam vantajosas para o Irã, para a região, e para os EUA – por exemplo, sobre a passagem livre de embarcações através do estreito de Hormuz.
Dissuadir o Irã não deve ser visto como uma alternativa a uma política de pressioná-lo a desistir de suas atividades nucleares desestabilizadoras. A comunidade internacional deve manter seu alvo de acabar com o enriquecimento iraniano e em parar o reprocesso iraniano, e não deve estimular o debate entre seus membros sobre o que um compromisso aceitável do Irã deve ser. Ao invés, deve ser dito ao Irã que se quiser mais incentivos, ele deve estabelecer o que deseja. Para ter certeza, se o Irã demonstrar que ele fez as decisões estratégicas básicas para desistir de suas pretensões nucleares, a comunidade internacional deve estar preparada para prover o Irã com medidas protetoras que não comprometerão os interesses básicos da comunidade internacional.
Dissuasão no mundo pós-Guerra Fria é um assunto complicado. De acordo com o relatório de 2009 da Força Tarefa sobre o Gerenciamento de Armas Nucleares (Task Force on Nuclear Weapons Management) presidido pelo ex-secretário de defesa James Schlesinger, os EUA não têm pensado muito sobre dissuasão nuclear nos anos recentes. O relatório diz que algumas das capacidades americanas atrofiaram. Não está claro se os EUA pensaram nos “comos” e nos “por quês” da dissuasão prolongada para o Oriente Médio. Também não está claro quantas consultas sobre a dissuasão prolongada Washington tem tido com os estados regionais.
Um assunto que necessita de muito mais pensamento é em como uma garantia nuclear dos EUA (ou “cobertura”*) devem funcionar e se ela é apropriada no Oriente Médio. Muitos no Golfo parecem pensar que a região já se beneficia com uma garantia de fato dos EUA; eles podem gostar da sua formalização. Mas não é claro de nenhuma maneira que Teerã compartilha tal visão e então se sinta dissuadido. De sua parte, Israel não está entusiasmado sobre uma declaração americana de garantia nuclear. Primeiro, Israel possui suas próprias capacidades de dissuasão. Segundo, uma garantia americana declarada deve clarificar a situação de ambigüidade que pode já funcionar em benefício de Israel. E terceiro, muitos israelenses temem que uma garantia americana declarada pode vir a um preço de circunscrever a liberdade de ação de Israel no confronto de perigos existenciais.
Para ser efetiva, a dissuasão prolongada deve ter credibilidade aos olhos de ambos os amigos regionais dos EUA e do Irã. Comprometimento político é um componente importante; talvez tal comprometimento deva ser incorporado em um acordo ou tratado. A experiência da Guerra Fria sugere que o posicionamento estratégico de armas e tropas são freqüentemente necessários para tornar promessas críveis. Entretanto, não é claro que essa abordagem deve ser aplicada no Oriente Médio. Estados regionais freqüentemente não se entusiasmam sobre a presença de grandes forças americanas. Qualquer consideração de mover armas nucleares americanas para a região, tal como colocar mísseis de cruzeiro nucleares em navios da marinha, devem levantar problemas complicados. Além disso, mais pensamentos e consultas serão necessários para ver como fazer a dissuasão prolongada crível de um jeito que satisfaça outros interesses americanos. Qualquer dissuasão nuclear vai requerer armas nucleares americanas confiáveis, seguras e efetivas.
A dissuasão prolongada será mais efetiva e crível se houver um amplo consenso interno americano sobre as políticas a serem adotadas. A administração deve engajar o Congresso de maneira que as promessas oferecidas pela cadeira do executivo possam ser rápida e integralmente entregues. O endosso do Congresso a quaisquer garantias americanas de segurança podem fazer muito para embasar tais palavras de maneira mais convincente. Também não seria de muita utilidade ter prolongados conflitos sobre transferência de armas.
Usar o risco da instabilidade em cascata para produzir mais ações agora
As sanções existentes da ONU contra o Irã são modestas, mas muito mais poderia ser feito para dar força às suas consideráveis restrições sobre produtos de dupla utilização. O comitê de sanções da ONU deve organizar um processo pelo qual inteligência acionável será provida aos estados membros sobre a aquisição iraniana clandestina de produtos de dupla utilização necessários para expandir seu programa de centrífugas. O comitê de sanções atual – consistindo da Bélgica, Burquina Fasso e a Costa Rica – não está em posição de fazer isso. Os EUA e os poderes de mesma visão devem se oferecer para prover assistência – partilhando inteligência apropriada, oficiais aduaneiros treinados, e suprindo com equipamento técnico necessário – em implementar as sanções da ONU a países de porte médio para os quais o problema nuclear iraniano não é uma prioridade, ou a lacuna de capacidades em rastrear materiais problemáticos.
Alguns nos EUA reclamam de maneira acintosa, com toda justificativa, sobre a inação nos Emirados Árabes Unidos e outros estados do Golfo na prevenção da aquisição iraniana de produtos de dupla utilização. Os EUA estariam em melhor posição de obter a cooperação nessa área se oferecesse mais assistência. Em paralelo, os EUA devem ampliar o sucesso do esforço do Departamento de Tesouro ao desencorajar firmas financeiras de fazer negócios com agências iranianas ao iniciar um esforço similar pelos departamentos de Estado e Comércio procurando apontar às firmas de indústria e comércio o risco para sua reputação se seus produtos forem achados nos programas de mísseis nucleares iranianos.
O presidente Obama disse durante sua campanha que ele está interessado em usar a dependência do Irã de produtos de petróleo refinado como um ponto de barganha. Especificamente, o governo dos EUA deve desencorajar países e companhias de produzir refinarias de petróleo no Irã, ou exportar produtos de petróleo refinado para o Irã, até que o impasse com a comunidade internacional sobre o programa nuclear esteja resolvido.
Ao mesmo tempo em que isso eleva a pressão sobre o Irã, os EUA devem esclarecer e expandir sua oferta para lidar com várias preocupações que o Irã criou. Para responder as preocupações iranianas sobre a garantia de acesso a combustível para suas usinas de energia nuclear para civis se ele abandonar o processo de enriquecimento, a administração de Obama deve seguir através do anúncio da intenção de trazer para usufruto o banco internacional de combustível nuclear, para o qual os EUA prometeu $50milhões. Em paralelo, a administração deve seguir através do comprometimento americano em negociar um corte no tratado de material de fissão. Enquanto o Irã não pode pensar que essas medidas são muito como incentivos, eles provêm um caminho para usar a crise iraniana como uma oportunidade de apoiar partes do regime global de não-proliferação. E se a comunidade internacional vê as propostas na mesa como efetivamente se dirigindo as preocupações do Irã, o Irã é mais propenso a aceitar o acordo, pois ele não quer ficar isolado. Na medida em que os esforços de não-proliferação forem de âmbito mundial, é mais provável que o Irã aceite a sua aplicação vigorosa a ele também. A pressão e os incentivos sobre o Irã são mais propensos de serem sucedidos se vierem da comunidade internacional ao invés dos EUA sozinhos. A Europa está plenamente ciente dos riscos do programa nuclear iraniano, mas está profundamente dividia sobre como proceder e tem feito muito ultimamente como pode ter esperado fazer. A administração de Obama está bem posicionada a fim de pressionar maiores ações européias, especialmente se ele demonstrar uma disposição para trabalhar com a Europa sobre a persuasão aceitável para o Irã.
Progressos no Conselho de Segurança da ONU devem ser mais fáceis se Washington puder convencer a China que o programa nuclear iraniano é uma ameaça estratégica para seus próprios interesses e pode persuadir a Rússia que seus interesses são melhores atendidos ao cooperar integralmente com o Ocidente em seu problema. Motivando esses governos a se unirem aos EUA e seus aliados no aumento da pressão internacional sobre o Irã vai requerer uma diplomacia habilidosa. Relações mais cooperativas nas áreas de interesses mútuos ajudarão nesse esforço.
Os estados do Golfo – especialmente a Arábia Saudita – podem estar melhor posicionados para influenciar a China, que se preocupa bastante sobre o acesso a mercados exportadores e suprimentos de energia. Os EUA devem encorajar seus parceiros no Golfo a se tornarem mais ativamente engajados na diplomacia internacional que ronda o problema nuclear iraniano.
Conclusão
O engajamento tem melhores chances de funcionar se Washington tiver maior alavancagem com a qual influenciar Teerã. Medidas reforçadas de segurança, consultas mais profundas e a coordenação com seus amigos, e o reforço de sanções internacionais mais duras, tudo isso provê uma alavancagem e, então, permitem as negociações. Além disso, tomadas conjuntamente, essas medidas reduzem o risco da instabilidade em cascata no evento do prosseguimento do programa nuclear iraniano. A melhora das condições de negociação também são criadas pela construção da confiança do Irã e dos incentivos reais.
O confronto nuclear iraniano não é só um problema maior, mas, também em outro sentido, uma oportunidade. Como parte de seus incentivos ao Irã, Washington pode propor medidas que também devem servir para aumentar o sistema global de não-proliferação. Além disso, o Oriente Médio está procurando pela forte liderança americana e por relações revigoradas. Passos vigorosos para assentar a estabilidade regional devem esclarecer as percepções infundadas de alguns que a estrela norte-americana está morrendo.
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* [no original “umbrella”, mas resolvi traduzir por cobertura pois se encaixa melhor no contexto] voltar