sexta-feira, 1 de junho de 2012

AMEAÇA PERIGOSA por Mario Lima

Jornal A Reforma, 4 de janeiro de 1931

Fonte: http://www.casadaculturadearacati.org.br/Acervo/RF1931.html

Obs. E só de pensar que o autor era esquerdista…

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O comunismo, este terrível cancro social que desfarçadamente já conseguiu dominar a Rússia, transformando-a em um paiz acefalo, está ameaçando pertubar a paz brasileira, aproveitando-se deste momento em, que a Nação, após o triumfo revolucionario de hontem, ainda procura soerguer-se da queda, a que foi forçada pelos tiranos depostos.

Segundo noticias que nos che­gam, de Fortaleza, as autoridades federaes e estaduaes ali, senhoras que estão da gravidade dessas ameaças, numa só comunhão de ideias, qual seja a de salvar a pátria do perigo, já resolveram tomar providencias imediatas, no sentido de exterminar de uma vez a introdução no Brasil dei tão terrivel praga.

Este combate se torna necessa­rio e deve ser energico, porque é so­mente com energia que poderemos rebater as insinuações dos pregadores desta ideia absurda, as quaes pode­rão perfeitamente convencer os incau­tos, únicos para quem as más dou­trinas teem certa influencia psycologica.

O comunismo, já declarou o ge­neral Juarez Tavora, é impraticavel no Brasil, ele não se coaduna absoluta­mente com a mentalidade sadia do nosso povo.

O proletariado brasileiro que em todos os tempos tem demonstrado muito calma e amor á ordem, temos certeza, não irá prestar o seu apoio a uma causa tão ingrata, como o co­munismo, porque a sua índole de po­vo ordeiro está convencida de que com inteligência e respeito muito se alcançará.

Nós, para vermos os nossos di­reitos assegurados, não precisamos de uma mudança geral na fórma de go­verno, e sim de homens capazes de dirigir os nossos destinos e que, em momentos precisos, ponham de parte o interesse pessoal, para abraçar a causa do povo.

O que necessita o operário para ter amparado o seu trabalho e poder viver independente, não é implantar a desordem, e sim que os governos não se esqueçam de sua sorte e re­conheçam o seu papel saliente na vi­da progressiva do paiz. Que os go­vernos encarem com seriedade o pro­blema proletário e valorisem os seus serviços, para que o fruto do seu la­bor diário possa constituir amanhã o seguro de sua família.

É disso somente o que eles, os operários, precisam e estamos crentes de que, uma vez regularisada a situ­ação que presentemente atravessamos, os dias do futuro nos trarão a reali­dade das nossas esperanças, que são os pontos do programa revolucioná­rio.

E enquanto isso se verifica, faz-se mister que cada um de nós, bra­sileiros dignos desse nome, se enfi­leire no batalhão ante-comunista, en­frentando sem desfalecimentos, qual­quer ataque violento e rebatendo, sem visar recompensas, todas as promes­sas ilusorias.

O momento exige que ponhamos acima de tudo o amor desta grande patria e procuremos demonstrar com dados irrespondíveis os efeitos nega­tivos das ideias de Lenine, no scenario social do Brasil.

Convem não esquecer que temos um passado glorioso a legar á pos­teridade e este deve ser o trabalho honesto em pról da grandeza da Na­ção. e não um amontoado de ideias anarquistas, que nos arrastariam a um futuro de trevas.

Ao comunismo devemos, pois, dar combate de rijo, sem causticar em lin­guagem capciosa, o que é propria so­mente aos jornalistas aproveitadores, mas com termos decididos, e onde quer que descubramos um fóco de adeptos, que os apontemos á justiça, para que seja feita a punição indis­pensável.

Assim procedendo, temos cumpri­do á risca o nosso programa e coo­perado sinceramente para a obra da regeneração do Brasil, puramente bra­sileiro.